26/04/2009

O 25 DE ABRIL

Hoje, dia 24 de Abril, da parte da tarde, esteve na nossa sala de aula – 4º ano da EB1 de Sequeira, o senhor coronel do exército Armando Fermeiro, pai da nossa colega Maria Inês. Explicou-nos muitas coisas sobre o que se passou antes, no próprio dia e depois do 25 de Abril. Fizemos muitas perguntas e o senhor respondeu a todas, com muita paciência.

Gostámos muito, até batemos palmas no final.

Nome - Armando Fermeiro Data de nascimento – 31/12/1947

Habilitações literárias. Licenciatura em Ciências Militares

1. Onde estava quando se deu o 25 de Abril?

Estava colocado na Escola Prática de Infantaria de Mafra.

2. Participou directamente no 25 de Abril?

Sim. Antes, durante e depois.

3. Então pode explicar-nos como?

Antes participei em reuniões, todas clandestinas, a partir de Setembro de 1973, numa quinta perto de Évora, com outros militares, com o objectivo de discutir, analisar e projectar a forma e o modo de se conseguir um levantamento militar contra o regime político de então.

4. Nunca foram descobertos?

Uma vez estavam reunidos 183 oficiais e só não foram presos pela PIDE porque eram estes que preparavam os militares que iam para a guerra do ultramar e por isso faziam muita falta.

5. Como explica o que aconteceu a 16 de Março de 1974?

A 16 de Março os militares das Caldas da Rainha e Mafra saíram em direcção a Lisboa, mas os outros militares dos outros quartéis não saíram. Foram presos e esta tentativa de revolução fracassou.

Mais revoltados ficámos e resolvemos organizar-nos e surge então o 25 de Abril.

6. Onde estava na noite de 24 de Abril de 1974?

Nessa noite fui incumbido de realizar várias acções dentro da Escola de Infantaria de Mafra, mas estava a par de tudo o que se ia passar. O sinal era dado às 23h com uma canção de Paulo de Carvalho, na Rádio Clube português. A essa hora partiriam de vários quartéis militares em direcção aos pontos principais de Lisboa: lugar onde estava o presidente do governo, R.T.P e aeroporto.

No dia 27 de Abril fui para Lisboa com uma companhia (mais ou menos 150 militares) onde desenvolvemos variadas acções no âmbito da consolidação do que se havia obtido nos dois dias anteriores.

No 1 de Maio recebi a missão de me posicionar com o meu pelotão na praça do Areeiro, em Lisboa, onde tive o privilégio de assistir à passagem de milhares de pessoas, todas elas sorridentes, cantando e abrindo os seus corações para os amigos, os vizinhos e até para os inimigos.

7. E por que é que os cravos vermelhos estão ligados ao 25 de Abril?

Porque uma senhora que vendia flores na rua, pegou num cravo e foi colocá-lo no cano de uma espingarda de um soldado e a partir daí outros fizeram mesmo. Mas também porque foi uma revolução em que não houve violência.

8. Quais eram os objectivos da Revolução?

Os objectivos da Revolução era devolver a liberdade, terminar com a guerra colonial (Angola, Moçambique e Guiné) e melhorar as condições de vida. Ficou conhecida pelos três D’s: Desenvolvimento, Democracia e Descolonização.

9. Como reagiu o povo?

O povo reagiu de uma forma muito positiva, cheio de esperança num futuro melhor, com manifestações pacíficas, alegres, fraternas, nunca vistas em Portugal. O povo saiu à rua cantando e aplaudindo o que estava acontecendo, espontaneamente, com um sonho tão belo na sua mente e com a esperança de que tal sonho se concretizasse: ser livre e feliz no seu próprio país.

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 EB1 de Sequeira - 4º ano

1 comentário:

davide disse...

Mais um excelente trabalho da escola da Sequeira. Quem poderia explicar melhor o 25 de Abril?
Tenho a certeza de que os alunos vibraram com este senhor. Quem me dera ter estado lá também.
Continuem a mostrar-nos as vossas realizações... e que outros ousem traçar caminhos semelhantes.
Um abraço a todos.